Cultura | Música

Morre Belchior, um Rapaz Latino-Americano


Redação

30/04/2017


O rapaz latino-americano nos deixou..."numa curva do caminho". Belchior morreu na madrugada deste domingo (30), sereno, enquanto ouvia música clássica, de acordo com o inquérito do delegado Luciano Menezes, responsável pela investigação da morte do cantor cearense de 70 anos.

 

Segundo a necropsia realizada, a causa da morte foi o rompimento da aorta, um rasgo da principal artéria do corpo humano.

 

O corpo de Belchior foi encontrado pela companheira, Edna Prometeu, na manhã de domingo, na sala de estar da casa que vivia nos últimos anos em Santa Cruz do Sul/RS. Segundo a companheira, o músico não fazia uso de nenhum tipo de medicação, nem apresentava problemas de saúde.

 

No depoimento prestado à Polícia Civil, Edna Prometeu, a companheira de Belchior, disse que na noite de sábado ele havia se queixado de frio e dor nas costas, pediu um cobertor e ficou numa sala nos fundos da casa, seu espaço favorito, escutando música clássica. Ela subiu para dormir, perguntou ao companheiro se queira acompanhá-la. Ele disse que ficaria mais um pouco no sofá. Na manhã do domingo, por volta das 7h, foi ali que ela encontrou o corpo do cantor.

 

Apesar da vida reclusa, Belchior, que quando jovem foi aluno de medicina, sempre buscou manter uma rotina com exercícios à beira da piscina e com caminhadas nos arredores da sossegada rua em que morava na cidade gaúcha de Santa Cruz do Sul, preocupado com a saúde, ainda que em horários em que houvesse pouco movimento para que não fosse reconhecido, de acordo com esclarecimentos da viúva.

 

BIOGRAFIA

 

Antônio Carlos Gomes Belchior Fontenelle Fernandes, ou simplesmente Belchior, nasceu em Sobral/CE em 26 de outubro de 1946.

 

Durante sua infância, no Ceará, foi cantador de feira e poeta repentista. Estudou música coral e piano com Acácio Halley. Seu pai tocava flauta e saxofone e sua mãe cantava em coro de igreja. Tinha tios poetas e boêmios. Ainda criança, recebeu influência dos cantores do rádio Ângela Maria, Cauby Peixoto e Nora Ney. Foi programador de rádio em Sobral. Em 1962, mudou-se para Fortaleza, onde estudou Filosofia e Humanidades. Começou a estudar Medicina, mas abandonou o curso no quarto ano, em 1971, para dedicar-se à carreira artística. Ligou-se a um grupo de jovens compositores e músicos, como Fagner, Ednardo, Rodger Rogério, Teti, Cirino entre outros, conhecidos como o Pessoal do Ceará.

 

 

De 1965 a 1970 apresentou-se em festivais de música no Nordeste. Em 1971, quando se mudou para o Rio de Janeiro, venceu o IV Festival Universitário da MPB, com a canção Na Hora do Almoço, cantada por Jorge Melo e Jorge Teles, com a qual estreou como cantor em disco, um compacto da etiqueta Copacabana. Em São Paulo, para onde se mudou, compôs canções para alguns filmes de curta metragem, continuando a trabalhar individualmente e às vezes com o grupo do Ceará.

 

 

Em 1972, Elis Regina gravou sua composição Mucuripe (com Fagner). Atuando em escolas, teatros, hospitais, penitenciárias, fábricas e televisão, gravou seu primeiro LP em 1974, na gravadora Chantecler. O segundo, Alucinação (Polygram, 1976), consolidou sua carreira, lançando canções de sucesso como Velha roupa coloridaComo nossos pais, que depois foram regravadas por Elis Regina e Apenas um rapaz latino-americano. Outros êxitos incluem Paralelas (lançada por Vanusa) e Galos, noites e quintais (regravada por Jair Rodrigues). Em 1979 no LP Era uma Vez um Homem e Seu Tempo (Warner) gravou Comentário a respeito de John (homenagem a John Lennon), também gravada pela cantora Bianca. Em 1983 fundou sua própria produtora e gravadora, Paraíso Discos, e em 1997 tornou-se sócio do selo Camerati. Sua discografia inclui Um show – dez anos de sucesso (1986, Continental) e Vício elegante (1996, GPA/Velas), com regravações de sucessos de outros compositores.

 

 

DESAPARECIMENTO

 

 

Em 2005, Belchior deixou a então mulher Ângela para viver com Edna Prometheu, depois de conhecê-la no ateliê do amigo comum Aldemir Martins. Posteriormente Belchior deixou de fazer shows e abandonou bens pessoais. Enfrentou processos judiciais relacionados a pensões alimentícias de duas filhas e um processo trabalhista. Devido a esses processos, Belchior teve suas contas bancárias bloqueadas e estava impedido de retirar o dinheiro relativo aos direitos de suas músicas. O cantor se encontrava em Porto Alegre, onde morou em hotéis, casas de fãs e mesmo em uma instituição de caridade.

 

Em 2009 a Rede Globo noticiou um suposto desaparecimento do cantor. Segundo a emissora, Belchior havia sido visto pela última vez em abril de 2009, ao participar de um show do cantor tropicalista Tom Zé, realizado em Brasília. Turistas brasileiros afirmam terem-no encontrado no Uruguai em julho do mesmo ano. As suspeitas foram confirmadas quando Belchior foi encontrado no Uruguai, de onde concedeu entrevista para o programa Fantástico, da Rede Globo. Na entrevista, o cantor revelou que não havia desaparecido e estava preparando, além de um disco de canções inéditas, o lançamento de todas as suas canções também em espanhol.

 

Em 2012 ele novamente desapareceu, juntamente com a sua mulher, de um hotel 4 estrelas na cidade de Artigas, no Uruguai. Deixou para trás uma dívida de diárias e pertences pessoais. Ao ser identificado passeando por Porto Alegre afirmou que as noticias sobre a dívida no Uruguai não seriam verdadeiras.

 

 

Confira uma playlist com o repertório de Belchior

 

 

 



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Últimos Comentários:

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Edson Ferreira:

Creio que entre as grandes vozes deste Pais está entre os primeiros foi um grande compositor até mesmo pelas músicas gravadas por vários cantores renomados da nossa musica.